LA VIE EN ROSE? MÚSICA E MÍDIA EM TEMPOS TÓXICOS.
15 a 17 de setembro, 2021
(ENGLISH FOLLOWS)
Em 1905, Canhoto, compunha Abismo de rosas... Em 1968,
o cantautor Geraldo Vandré apelaria às flores para chamar a população à reação
e resistência face à repressão imposta pelo período militar. Novamente as
flores mudariam a história de Portugal... Em 1978, os Secos e Molhados
cantavam: “Que fim levaram todas as flores?” Enquanto isso, o “Rei” Roberto Carlos
investe na imagem madura com As flores do jardim da nossa casa ,
que contrasta com as “flores astrais”
dos Secos e Molhados. “Desbunde” e verve conservadora, simultaneamente,
angariavam um público crescente, sempre com o apelo das flores… Mais
recentemente, em 2013, o grupo Confronto lança a canção heavy metal Flores
da guerra, aludindo a heroínas afrodescendentes guerreiras
As ideologias se valem das flores para lançar suas pautas. Da
tulipa se extrai o ópio viciante, que também é analgésico, anestésico; estimula
a criatividade, ao mesmo tempo que embota os sentidos. Costuma-se consumi-lo
como fuga ou conformismo, face a uma realidade mórbida.
As flores evocam paixões, quase sempre associadas a canções de
cunho amoroso, de viés melodramático. Na cultura latino-americana, explora-se o
potencial sinestésico floral. Mas flores também lembram experiências malfazejas.
Por que amores e ódio se juntam a flores, simbolizando sufocamento? Não seriam
as flores também construtos imaginários ambíguos e polivalentes, prestando-se a
usos que desafiam as categorias de conformismo e resistência, bem e mal, pureza
e contaminação? As flores também não impõem seu encanto ao brotarem do e no
asfalto?
Recorremos às flores, ao mesmo tempo veneno e remédio, para
motivar um cenário de discussões que pautarão o 17º. Encontro Internacional de
Música e Mídia. O mundo tem sido palco de acontecimentos que apontam para um
retrocesso em relação a conquistas obtidas, cuja bandeira ostentava alguma flor
como símbolo. O que o mundo presencia hoje é um ecossistema que se deteriora;
doenças extintas ressurgem. Pessoas são vítimas de extermínio por motivos
banais; falsos mitos são abraçados como mensageiros da verdade. Ademais, um
vírus toma de assalto o planeta, trazendo desgraça e perplexidade.
Indagamos: Como o século XXI que, com as conquistas obtidas graças
ao desenvolvimento das ciências, teria tomado esse rumo em direção a um abismo –
que não seria de rosas? Dentre as diversas justificativas possíveis acreditamos
que, em grande medida, tais fenômenos se devem a um desmanche da educação; a
extinção de disciplinas na área de artes em muito contribui para que a
capacidade de reflexão não seja estimulada; a música tão presente na vida
cotidiana, é mais que entretenimento: ela é de formação.
É preciso reavaliar este cenário para podermos refletir sobre
medidas que venham a oferecer perspectivas futuras mais alvissareiras... Para
tanto, o MusiMid convida todos os
interessados a participarem do seu 17º. Encontro Internacional.
Modalidades de
participação:
- Comunicações orais
- Ouvintes
Datas importantes:
Chamada para trabalhos: 03 de maio a 14 de junho
Resultado da seleção: 28 de junho
Envio dos trabalhos completos: de 03 a 31 de agosto.
Data: 15 a 17 de setembro de 2020.
Maiores informações e inscrições na página: www.doity.com.br/17encontromusimid
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LA VIE EN ROSE? MUSIC AND MEDIA IN TOXIC TIMES.
17th. Music and Media Meeting
September 15th-17th, 2021
In 1905, Canhoto composed a work that would become an
obligatory piece in the Brazilian guitar repertoire: Abismo de rosas. In 1968, the singer-songwriter Geraldo Vandré
would appeal to flowers to call on the population to react and resist the
repression imposed by the military period. Again the flowers: this time
carnations would be used, in Portugal, to change the history: the Carnation Revolution (1974). In 1978, in
the midst of the military dictatorship, Secos e Molhados insistently asked:
"What happened to all the flowers? At the same time, the "King"
Roberto Carlos composed The flowers of
our home’s garden; intimate and melancholic, contrasting with the "astral
flowers" of Secos e Molhados. Simultaneously, "overwhelmed" and
conservative verve garnered a growing audience, always appealing to flowers... More
recently, in 2013, the group Confronto released the heavy metal song Flowers of
War, alluding to African descendant warrior heroines.
The ideologies make use of flowers to launch their
agendas (red rose, milk cup). Red tulip
is an analgesic, anesthetic, hypnotic, sedative and serves to stimulate
creativity, also serves to numb, to dull the senses - when all that is left is
escape or conformism, in the face of a morbid reality.
And through symbols we can talk about passions. They
are almost always associated with love songs, moreover in Latin-American
culture. But we also talk about the soft petals, the shape, the colors and the
perfume. Why would the beautiful flowers be related to unhealthy events and
experiences? Why do loves and hates come together with flowers? How many
marigolds will history have recorded and still waits to note? \ Still, beyond
any binary images, aren't flowers also ambiguous and polyvalent imaginary
constructs, lending themselves to uses that challenge the categories of
conformism and resistance, good and evil, purity and contamination? Don't the
flowers also impose their charm by sprouting from and on the asphalt?
We resort to flowers, at the same time poison and
remedy, to motivate the discussions that will guide the 17th International
Music and Media Meeting. The world has been the stage for events that point to
a regression in relation to conquests obtained not infrequently through the
centuries, which flag carried a flower as a symbol: democracy, represented by
gender and ethnic equality, respect and tolerance in relation to religious
manifestations and cultural diversity; the right to education, to vote, to
ideological plurality. What the world is witnessing today is the deterioration
of ecosystems; the resurgence of diseases that were thought to be extinct.
People are exterminated for banal reasons; false myths are embraced as holy
messengers of truth. As if this were not enough, a virus takes the planet by
storm, causing disgrace and perplexity.
How could the 21st century, which, with the conquests
obtained thanks to the development of sciences, have taken this course towards
an abyss.... that would not be lined with roses? Among the several possible
justifications, we believe that, to a great extent, these phenomena are due to
a dismantling of schooling - which implies in teacher training, working
conditions, infrastructure and, above all, in the guidelines that organize the
educational directives. In addition, the extinction of subjects in the arts
area contributes a lot to this lack of capacity for reflection. In addition,
among the arts, music, so present in our daily lives, has its share of participation
elevated: beyond entertainment, it is part of the basic educational formation.
It is necessary to revaluate this scenario so that we can reflect on measures
that will offer brighter future perspectives...
Modalities of
participation:
Oral communications
Listeners
Important dates:
Call for papers: May 3 to June 14
Selection results: June
28
Submission of complete
papers: August 03 to 31.
Date: September 15 to 17,
2020.
More information and
registration at: www.doity.com.br/17encontromusimid
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