segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MADRIGAL ARS VIVA, 50 ANOS: ENSAIOS E MEMÓRIAS

Livro recupera a trajetória radical do Madrigal Ars Viva


21 de janeiro de 2012 | 3h 00
 
Saiu n'O Estado de São Paulo:
 
JOÃO MARCOS COELHO
Nascido em Santos em abril de 1961, sob o signo da Guerra Fria planetária e da guerrinha particular da música erudita brasileira entre nacionalistas e vanguardistas, o Madrigal Ars Viva comemora um feito raro - 50 anos de existência -, com um suculento livro de ensaios, memórias e um registro fotográfico. O grupo, concebido pelos compositores Gilberto Mendes e Willy Correa de Oliveira, foi capitaneado pelo regente Klaus-Dieter Wolff até sua morte em 1974. Funcionou como laboratório privilegiado de suas novíssimas criações musicais. Wolff, "cria" do compositor, maestro e educador alemão Hans-Joachim Koellreutter, imprimiu um ambicioso ideário ao grupo de cantores amadores: recusava o grande repertório dos séculos de música tonal, fixando-se ou na música europeia pré-tonal e colonial brasileira ou na música nova.
Grosso modo, pode-se dividir sua existência em duas fases distintas: os primeiros 25 anos, mais radicais, quando de um lado Mendes e Willy construíram obras chaves a partir da ligação com os concretos; e, de outro, os corajosos anos 80, de franco engajamento.
Nos segundos 25 anos diminuiu o vigor do grupo, liderado desde 1976 por Roberto Martins. O fim do Festival de Música Nova de Santos, evento gêmeo do Ars Viva, anunciado no ano passado por Gilberto Mendes, deixa de certo modo o grupo coral órfão quando ele festeja seu ilustre passado - que este volume tem o mérito de resgatar.
JOÃO MARCOS COELHO É JORNALISTA E CRÍTICO MUSICAL, AUTOR, ENTRE OUTROS TRABALHOS, DE NO CALOR DA HORA (ALGOL)
MADRIGAL ARS VIVA 50 ANOS - ENSAIOS E MEMÓRIASOrganização: Heloísa de Araújo Duarte Valente
Editora: Letra e Voz
(260 págs., R$ 60)